quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A carne do avestruz: quase um peixe

De baixos índices de gordura, a carne de avestruz é substituta perfeita do gado bovino.
criação de avestruz Nimajay

Há um tempo, estava procurando algum programa que prestasse na televisão. Inevitavelmente, sintonizei o Pânico na TV. No programa daquele dia algumas modelos, a apresentadora Sabrina Sato incluída, estavam apostando corrida montadas em avestruzes. Todas de biquíni.
E não deu outra. O avestruz em que Sabrina estava montada disparou, fazendo os demais comer poeira. Deu uma guinada estranha e atirou a apresentadora no chão. Fraturou algumas costelas, acho. Choradeira, desespero, tentativas de acalmá-la e a chegada de uma ambulância. Em meio a isso pensei:

- Peraí. Deve existir alguma função menos besta para a criação do avestruz.

Quando fui à última Feira Sul Brasileira de Gastronomia, em Curitiba, degustei pela primeira vez a carne de avestruz. Um chef assou para o público mini hambúrgueres da carne do bicho. Parecia muito com a carne de gado, mas um pouco mais emborrachada. Nada de ruim. A vantagem está na saúde: “a carne é vermelha, mas pro organismo é como se fosse peixe. Cheinha de ômega 3”, me explicaram. Seus índices de colesterol e calorias são menores que os do frango e do peru. Ela é uma carne com pouquíssima gordura, ou seja, deve ser servida sempre mal-passada, senão fica parecendo sola de sapato. Fica legal prepará-la em alguma receita com molho. O preço varia de R$80 s R$60 o quilo.

Checando os sites que falam sobre a criação do avestruz, esse negócio parece ser vantajoso... Além de o bicho ter uma vida útil mais longa que a do gado bovino, procria-se mais e come menos. Sendo que cada bichão produz cerca de 30 quilos de carne em filé, contra-filé, coxa e sobre-coxa. E ainda por cima o avestruz bota ovo (outra iguaria da alta gastronomia) e pode se utilizar o seu couro e as suas penas. De onde você acha que saem todas aquelas plumagens das escolas de samba, no carnaval? Isso mesmo, do bumbum do avestruz.

Dizem que no antigo Egito, quando uma pessoa morria, a deusa Maat colocava em uma balança a alma do sujeito, de um lado, e uma pluma de avestruz, do outro. Se a alma fosse mais leve ou de peso igual ao da pluma, o morto podia ficar feliz, pois ia direto de encontro à salvação. Acho que se eu fosse fazer esse teste da balança agora ia ser reprovado. Ia ver ali a pluma do avestruz e ia me lembrar do hambúrguer do bicho... Grelhadinho e guarnecido com uma saladinha de rúcula, alface e agrião... E uma geleiazinha de pimenta... Só esse pensamento guloso ia me render não sei quanto tempo no purgatório. A pluma do avestruz é o símbolo da verdade e da justiça.

Mas... Voltando ao assunto, o homem só começou a criar avestruzes com empenho lá pelo século XIX, por causa das penas, para o comércio de chapéus femininos. E a estrutiocultura, como se chama a criação do avestruz, só começou no Brasil nos anos 90 de século XX. A alta produtividade do bicho, aliada a uma procura cada vez maior por uma alimentação saudável, posicionaram bem a estrutiocultura no mercado mundial. Em alguns países o McDonald’s até lançou como opção light no seu cardápio o hambúrguer de avestruz.

Mas mesmo com todas estas vantagens para a criação da ave e para a nossa saúde, temos uma cultura muito forte de consumo de carne bovina. A gauchada que o diga. Se vamos num buffet por quilo, enchemos o prato de quê? Feijão? Não, picanha e filé mignon. Acho difícil que o avestruz chegue a substituir o boi. Mas fica aí a opção pra quem quer dar um trato na saúde sem deixar de degustar uma carninha vermelha, sangraaaando...

Receita – Avestruz estufada (6 pessoas)

1 Kg de carne de avestruz cortada em pedaços;
1 litro de iogurte natural;
1 colher de sopa de azeite;
2 dentes de alho picados;
1 cebola grande cortada às rodelas;
2 aipos cortados às rodelas;
1 alho francês cortado às rodelas;
1 pimentão verde cortado às rodelas;
500 ml de caldo de carne;
250 ml de vinho tinto seco;
1 colher de sopa de sal;
1 colher de sopa de tomilho;
1 pitada de pimenta preta;
2 colheres de sopa de farinha de trigo ou de milho;
400 g de cogumelos frescos pequenos;
100 g de pêssegos cortados em pedaços.

Marine a carne em iogurte natural durante 1 ou 2 dias na geladeira, antes de a cozinhar.
Num tacho aqueça o azeite e junte o alho, o pimentão, a cebola, o aipo e o alho francês. Junte a carne e deixe alourar. Junte o caldo de carne e o vinho, tempere com o sal, o tomilho e a pimenta. Deixe cozinhar em fogo brando. Para engrossar o molho adicione a farinha, os cogumelos e os pêssegos. Cozinhe mais 10 minutos e sirva.
Texto do colaborador Bruno Brasil

Um comentário:

  1. Moro na Italia e consumo bastante a carne de avestruz, pago 16 euros o kilo (filet). Compro sempre filet porque é muito macio e facil da minha filhina de 18 meses mastigar. A carne é maravilhosa, e acho que no Brasil deveria ser mais divulgada.

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O conteúdo aqui publicado é de caráter educacional e preventivo.

Para diagnósticos e receitas procure um médico.