Aos vegetarianos de plantão, tão querido usuários deste blog, já aviso que o artigo de hoje não se trata de um estímulo à exótica alimentação à base de carne de caça. Ação predadora dos animais em extinção.
Digo isso, porque foi incrivelmente curioso, engraçado e por que não dizer, ingênuo, uma militante vegan defender a mudança do nome do prato, por temer que a divulgação deste pudesse estimular este tipo de caça.
Foi uma das coisas mais engraçadas que vi esta semana. Tinha gente no Fórum questionando sobre os fins trágicos dos moleques desde que inventaram o pé-de-moleque. Isso sem falar do bolo de chocolate com cobertura, conhecido como nega maluca, que teria incentivado os atentados às pacientes negras dentro dos sanatórios.
Querido amigos vegan, para uma militância efetiva precisa-se usar de argumentos lógicos e inteligentes, do contrário corre-se o risco de cair no ridículo. Como já esclareci a alguns leitores via e-mail, este não é um blog vegan, nem vegetariano, apesar de pregar a alimentação saudável.
Procuramos respeitar todas as culturas alimentícias, selecionando o que há de mais saudável em cada uma delas para orientar o prazer da boa alimentação.
Voltemos às pintadas!
Carne de Onça é um delicioso prato de carne crua típico da capital paranaense. Assim como o Rollmops, sardinha crua em conserva, também é considerado comida de boteco. Mas também se encontra nas melhores cozinhas caseiras curitibanas.
É preparada com carne moída fresca extremamente limpa, sem pelanca alguma. Como é para consumo in natura, o ideal é usar carnes nobres. O boi Nelore é o melhor, por sua criação e abate serem mais respeitosos ao animal. É chamado, boi de capim, por não se alimentar de rações quimicamente preparadas e sim de pasto. O boi de pasto é mais feliz e saudável, de alimentação natural, sua carne sofre menos interferências químicas.
Escolha entre maminha e alcatra, preferindo pode usar filé, mas não há necessidade. Para um quilo de carne um ovo cru, misture bem com as mãos para dar liga.
Enquanto isso vá adicionando os temperos secos como páprica picante, pimenta calabresa (normalmente as receitas pedem pimenta do reino. Como já falei aqui no blog sobre os perigos da pimenta do reino em pó, sugiro a calabresa como excelente substituta. Pode-se usar a do reino se ela for esmagada e não moída), cheiro-verde e cebola picada.
Por último adicione conhaque, molho inglês e azeite extra virgem, salpicar por cima a cebolinha.
Serve-se sobre pão, os mais tradicionais sobre broas de pão preto.
Para quem ficou na expectativa sobre detalhes do Rollmops, amanhã falarei mais sobre ele.
Buenas,
ResponderExcluirSou curitiboca e adepto 'addicted' dessa iguaria. Muito boa a matéria, porém, cabem algumas considerações dentro do meu humilde entendimento.
Quanto ao 'tipo' do boi que gerou a carne, na minha opinião não importa se ele come capim, ração química, etc. O importante é que seja uma carne com procedência, comprada em um açougue e açougueiro que você conheça. Evite açougues desconhecidos, de redes de supermercados ou em condições precárias de higiene. Carne de onça é um prato de boteco sujo, mas a carne deve estar muito, mas muito mesmo, limpa. Contaminações da carne por esviceração do gado são muito comuns e frequentes, segundo relatos de pesquisas recentes e conforme informações contidas no cultuado livro País Fast Food. Conhecer a procedência da carne a ser consumida (neste caso, crua) é providencial.
A segunda consideração é sobre o tipo de carne. Nunca usei maminha ou alcatra para preparar este prato e também não vi ninguém usar nos quase 50 lugares que comí. Claro que isto não impede o uso destas carnes (que são mais caras), porém, o corte normalmente utilizado é o patinho, para moer, limpando-se bem a peça e moendo pelo menos duas vezes. Já vi aficcionados mais agarrados as origens defenderem o uso da carne 'cortada a faca', em vez de moída, mas nunca ví este corte num prato, ao vivo.
No mais, ao meu entender o uso do ovo e da páprica são opcionais...fica muito bom sem, também. Pimenta, apesar dos riscos, prefiro a do reino.
Parabéns novamente pela matéria e bom apetite a todos!
Douglas