Um pouco mais sobre a semente de papoula

No vídeo da Páscoa Polonesa vocês puderam ver o quanto a semente de papoula é popular na culinária polonesa, e ficaram sabendo que por suas propriedades energéticas, e por constituir a base da fabricação do ópio, esta semente está proibida de ser cultivada e comercializada no Brasil. Mas não é bem assim. Vamos entender melhor o assunto.

Afinal qual o poder desta semente? Porque ela gera tanta polêmica? Quais os benefícios e os malefícios do seu uso?

O nome da espécie em latim é somniferum, que significa trazer sono. Daí podemos tirar que a semente ou a planta podem ser tranquilizantes, calmantes. Suas propriedades analgésicas eram bem conhecidas pelos médicos gregos. Contém 20% de alcalóides, entre eles a morfina (12%), com aplicações médicas em concentrações de 10%.

O uso medicinal de resinas extraídas da papoula deve ser ministrado exclusivamente por médicos, mas o seu uso culinário não apresenta nenhum risco de intoxicação maior que qualquer outro alimento. Lembrem-se que todos os alimentos devem ser consumidos com moderação para evitar saturação, dificuldade de digestão, intolerâncias e alergias alimentares.

A semente de papoula contém entre 40 e 50% de gorduras, é rica em gorduras insaturadas, essenciais à nutrição humana, e possui menos de 10% de gorduras saturadas.

São utilizadas principalmente em doces e recheios de tortas como o strudel austríaco. No norte da Índia, são um espessante comumente utilizado, tendo sido desenvolvida uma variedade clara para ser utilizada em cremes brancos. Os japoneses também utilizam as sementes de papoula em uma mistura de especiarias chamada "shichimi togarashi".

Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), só "o cultivo da papoula (Papaver somniferum L.) é proibido" porque "dá origem a entorpecentes, como heroína e ópio".

Para importá-la, as empresas têm de acatar regras de uma resolução de 2002, a RDC 239. Entre as determinações, estão a necessidade de 1) apresentar um documento no qual conste que as sementes "provêm de cultivos lícitos"; e 2) provar que se tratam de "sementes sem capacidade germinativa, ausentes de entorpecentes e não-oriundas de apreensões".

Por isso a dificuldade das sementes entrarem no Brasil, mas ainda assim, é possível encontrá-las, consumi-las e comercializá-las sem risco de incorrer em infrações penais.