quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Trangênicos sem monitoramento podem ser uma ameaça ainda maior

CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) cedeu à pressão da indústria de alimentos e deve abolir amanhã o monitoramento de eventuais efeitos adversos de transgênicos depois da sua liberação comercial. A decisão alcança cerca de 15 mil produtos da indústria de alimentos que usam soja e milho como insumos e que devem usar cada vez mais variedades geneticamente modificadas.


Em carta  à comissão responsável pela análise e pela liberação de organismos geneticamente modificados, a Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) argumentou que tal monitoramento seria "inexequível", ou seja impossível de ser realizado.

O presidente da CTNBio, Walter Colli, deu razão à indústria: "Não se submeteu [à regra de monitoramento], reclamou e fez muito bem", disse, após receber a carta da entidade.

Sim caro Colli, a indústria faz muito bem em resistir, afinal ela tem que defender seu direito ao lucro. Quem não faz nada bem é o senhor, que deveria ser os olhos públicos em defesa da qualidade do alimento que é comercializado nesse país, mas prefere se esquivar dos seus deveres, sem argumento plausível.
Segundo Colli, quando a comissão libera a comercialização de determinado organismo geneticamente modificado, já afastou riscos ao seu consumo, assim como ao ambiente. Por isso, considera o monitoramento desnecessário, com exceção de poucos casos em que o monitoramento esteja restrito a impactos ao ambiente.

Como se impactos à saúde pública não fizesse parte do impacto ambiental. Qualquer pessoa bem informada sabe que existem inúmeros produtos no mercado que ainda são produzidos com riscos ambientais e à saúde. Todos os dias são publicadas pesquisas que apontam isso. Inclusive a ANVISA publica anualmente uma lista de alimentos produzidos fora do padrão aceitável na administração de agrotóxicos. O que me pergunto é: por que esses alimentos chegam aos pontos de venda? Por que  os produtores infratores não têm sua mercadoria apreendida?

Daí somos obrigados a ouvir de um servidor público o seguinte insulto: "Qual é a razão de pedir uma coisa dessas se a gente sabe que não faz mal? Para saber se um produto que usa soja está causando dor de barriga? Se [os transgênicos] fizessem mal, os americanos já tinham morrido" - palavra de Walter Colli

Entre morrer e sobreviver com uma série de doenças, prefiria a primeira opção. Usar o resultado dos trangênicos na alimentação dos americanos foi como atirar no próprio pé. O presidente da CTNBio não podia ter escolhido pior argumento. Uma dor de barriga pode ser sintoma de uma série de patologias das mais simples às mais graves.

Na votação de amanhã, Walter Colli completa dois mandatos à frente da CTNBio. O monitoramento foi regulamentado recentemente e não chegou a ser posto em prática. Para Colli, é um "lixo" que ele pretende ver abolido antes de se despedir da presidência da comissão.

Depois de uma grande polêmica no início do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a CTNBio aprovou 13 variedades transgênicas de milho, soja e algodão. Antes da liberação comercial, houve o plantio clandestino de algumas variedades. Alguns pedidos aguardam deliberação desde os anos 90.

Amanhã, haverá pressões contra a mudança nas regras de monitoramento por parte dos representantes dos ministérios da Saúde e do Meio Ambiente. Paulo Kageyama, professor titular da USP, como Colli, e representante do MMA na comissão, calcula que os críticos dos transgênicos sejam minoria na CTNBio. E, por isso, não teriam força para barrar o fim do monitoramento.

A indústria de alimentos defende a liberação dos transgênicos, mas critica há anos a exigência de rotulagem dos produtos, no formato de um triângulo amarelo. Atualmente, são poucos os produtos que adotam o rótulo. E já há proposta em análise no Congresso para alterar essa exigência.

Quem não deve não teme, já dizia o velho ditado. Se não querem o monitoramento é porque devem ter o que esconder. E claro que o efeito dos trangênicos não iria beneficiar só a indústria de alimentos, mas de farmacêutica também.

Quem não pode fazer mais, pelo menos boicotem esses produtos. Sem consumidores não há porque haver investimento indústrial.

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