terça-feira, 16 de março de 2010

Anvisa reconhece o poder das ervas e regulamenta o seu uso

Os benefícios daquilo que a Anvisa chama de “drogas vegetais” passam de geração em geração, resistindo à forte concorrência dos laboratórios farmacêuticos. Quase todo mundo já recorreu a alguma planta, folha, casca, raiz ou flor que ajuda a aliviar os sintomas de algum problema de saúde ou mal estar.

Agora, finalmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se propõem a popularizar esse conhecimento, esclarecendo quando e como as drogas vegetais, que prefiro chamar de alimentos funcionais (ainda que este conceito seja mais amplo, nele está inserido o das drogas vegetais), devem ser usadas.


O importante alerta da Anvisa é o de que  a ação terapêutica é totalmente influenciada pela forma de preparo dos vegetais. Alguns possuem substâncias que se degradam em altas temperaturas e por isso devem ser macerados. Já as cascas, raízes, caules, sementes e alguns tipos de folhas devem ser preparados na água em ebulição (fervente). Frutos, flores e grande parte das folhas devem ser preparadas por meio de infusão, caso em que se joga água pré-fervente sobre o produto, tampando e aguardando um tempo determinado (em média 3 minutos) para a ingestão.

Outro grande serviço proporcionado pela resolução diz respeito à segurança: a partir de agora as empresas precisam informar à Agência sobre a fabricação, importação e comercialização dessas drogas vegetais no mínimo de cinco em cinco anos. Os produtos passarão por testes de garantia de que estão livres de microrganismos como bactérias e impuresas, além da qualidade e da identidade.

Os locais de produção deverão cumprir as Boas Práticas de Fabricação, e as embalagens dos produtos deverão conter, dentre outras informações, sobre o produtor, datas de fabricação e validade, alegações terapêuticas comprovadas com base no uso tradicional, precauções e contra indicações de uso, além de advertências específicas para cada caso.


É importante não confundir drogas vegetais com os medicamentos fitoterápicos. Ambos são obtidos de plantas medicinais, porém elaborados diferentemente. Alimentos funcionais ou drogas vegetais são preparados em geral pelo consumidor, chegam à sua cozinha in natura e são preparados por você mesmo. Já os fitoterápicos são manipulados e distribuídos em cápsulas, xarópes, tinturas, etc.
Todas os vegetais funcionais aprovados na norma devem ser rigorosamente utilizados como apresentados na embalagem, de modo a garantir o uso correto e evitar problemas de saúde, como reações adversas ou mesmo toxicidade.

Cartilha do uso dos vegetais pela Anvisa

2 comentários:

  1. Olá Bruna
    Como farmacêutica, acho muito muito bom mesmo isso que a ANVISA fez. Como disse o presidente do Conselho Federal de Farmácias, Jaldo Ferreira Souza, é uma vergonha um país com a nossa biodiversidade não ter regulamentado o uso dessas plantas, sob o nome de droga vegetal. Porque droga vegetal e não alimento funcional: porque alimento funcional é aquele que possui a forma de alimento, a droga vegetal é a parte da planta que contém o princípio ativo devidamente tratada para poder ser utilizada posteriormente no uso doméstico (como chás) ou então ser utilizadas na preparação de extratos, tinturas, sucos entre outras preparações que daí sim serão empregadas na formulação de medicamentos. Isso é bem chato no Brasil, mas é o correto. Por exemplo: a raiz do ginseng, a folha da malva e os frutos secos da erva-doce, são drogas vegetais, não são medicamentos (porque não estão sob a forma de extratos, tinturas, etc) nem alimentos. Agora, se eu tenho um comprimido com extrato de ginseng ou uma bebida tonificante com seu extrato, um colutório ou uma salada com malva ou então um carminativo com extrato de erva-doce ou um bolo com as sementes, daí sim eu tenho um medicamento (em cada primeiro caso) e um alimento potencialmente funcional (segundo caso). Porque potencialmente??? Porque o efeito terapêutic das drogas vegetais é conhecido na forma de infusos, decoctos e posteriormente como medicamentos. Não é como o morango, que é um alimento funcional natural pela quantidade de antocianinas, e o fato de ser um alimento funcional natural também se deve a longa observação dos efeitos que tem sobre organismos vivos. Diferente das drogas vegetais, que não são consumidas naturalmente como alimentos. Então para enquadrá-los como alimentos funcionais, primeiro deveriam ser consumidos como tais (o que acho meio difícil) e daí comprovar tal ação. Segundo, que não é toda planta que pode ser uma droga vegetal: ela deve ter uma monografia na Farmacopéia Brasileira ou em outra Farmacopéia Internacional, com todos os dados de controle de qualidade que determinada planta deve ter. Beijos.

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  2. Oi Bruna, obrigada por compartilhar todas essas importantes informações especializadas. Mas em se tratando de falar com o público leigo, como a maioria dos leitores, falar em alimentos funcional é mais apropriado, visto que estamos falando do uso de chás, sucos e temperos como terapêuticos. A maior contribuição da Anvisa com essa regulamentação é garantir a qualidade do produto que chega ao consumidor e na orientação da posologia destes. É um verdadeiro reconhecimento de uma velha sabedoria:O alimento é o remédio.

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O conteúdo aqui publicado é de caráter educacional e preventivo.

Para diagnósticos e receitas procure um médico.